Dor
ou ardor ao urinar, pressão ou cólica na parte de baixo do abdômen,
vontade de urinar com frequência ou ainda expelir uma urina turva ou com
sangue. Atenção a estes sintomas, pois eles podem indicar uma infecção
urinária conhecida como cistite, doença causada por bactérias que entram
pela uretra e chegam à bexiga. O problema atinge mais mulheres do que
homens e a explicação é simples. Na mulher, o canal que leva a urina da
bexiga até o meio externo é mais curto e, por ser próximo ao ânus, a
chance de infecção na região é maior.
Como funciona o sistema
urinário? Ele é composto pelos rins, ureteres e a bexiga, sendo a uretra
a responsável pela filtragem e eliminação de substâncias nocivas do
organismo. A urina, depois de filtrada pelos rins, segue pelos ureteres e
fica armazenada na bexiga. Aí, para ser expulsa, ela percorre um canal
chamado uretra. Por isso, uma infecção em algumas destas regiões
compromete a saúde do sistema urinário.
A infecção que afeta
apenas a bexiga e uretra é conhecida como "infecção baixa" ou cistite.
"Ardor ao urinar (usualmente uma sensação de queimação no canal da
uretra durante a passagem da urina), urgência e necessidade frequente de
urinar com pouca saída de urina por vez são os sintomas. Mas nem sempre
essas três características estão presentes. Em idosos e crianças novas,
por exemplo, eles podem ser vagos e até inespecíficos", explica o
médico geriatra Thiago Mônaco.
Já a "infecção urinária alta" ou
pielonefrite é o processo infeccioso que chega ao rim e, muitas vezes,
apresenta um quadro clínico mais grave. Entre os sintomas estão as dores
nas costas, febre alta, náuseas, além dos próprios sintomas da cistite.
Thiago Mônaco reforça ainda que o agente causador mais comum da
infecção urinária, seja ela alta ou baixa, é a bactéria Escherichia
coli. Esta que é encontrada frequentemente no intestino. Apesar de ser
um caso mais raro, a doença também pode ser causada por outras
bactérias, fungos e até vírus.
"Vale lembrar que estas bactérias
podem chegar ao trato urinário simplesmente pelo sangue. Isto é,
circulam na corrente sanguínea vindas de diversas fontes e, como nosso
sangue é constantemente filtrado pelos rins, acabam caindo na urina
durante essa filtração", reforça Thiago, professor doutor da disciplina
de geriatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, em
São Paulo. Além disso, outra provável causa é o ato sexual, no qual
essas bactérias podem ser levadas do períneo (músculo que sustenta os
órgãos sexuais) para a uretra e resultar, assim, na infecção.Higiene é
fundamental!
Como as infecções urinárias podem ocorrer em qualquer
local do canal urinário, é essencial que as pessoas tenham certos
cuidados nas áreas íntimas. "Uma má higiene íntima, corrimentos,
alimentação inadequada e baixa imunidade estão entre as principais
causas da infecção", diz o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli. O
especialista também é autor de Gestação – Mitos e verdades sob o olhar o
obstetra. "Normalmente, o diagnóstico é clínico, acompanhado do exame
de urina", reforça o ginecologista.
As grávidas precisam redobrar a
atenção com a doença. Durante a gestação ocorrem algumas alterações
fisiológicas, entre elas a dilatação dos órgãos que compõem o sistema
urinário, diminuição do espaço para a bexiga e algumas modificações
imunológicas. Por isso, as grávidas ficam mais suscetíveis a
complicações e sequelas graves decorrentes das infecções do trato
urinário. Assim, caso a infecção urinária não seja descoberta
precocemente ou tratada do modo correto, ela pode atingir os rins e
evoluir para um quadro de infecção generalizada. E isso pode aumentar as
chances de um aborto espontâneo. Quer saber mais sobre como evitar
infecções urinárias?
NÍVEIS DE INFECÇÃO URINÁRIA
"Existem a
infecção na bexiga, chamada de cistite, e a que ocorre na uretra,
denominada uretrite. Essas infecções podem "subir" e atingir os rins,
dando a chamada pielonefrite, que é algo bem mais grave", explica o
ginecologista Domingos Mantelli.
O médico geriatra Thiago Mônaco
explica ainda que entre os principais sintomas da pielonefrite está o
calafrio. No entanto, os casos ainda mais sérios - e aqueles não
tratados adequada e precocemente - podem progredir para a conhecida
septicemia, que é uma infecção generalizada no organismo.
"Embora
isto também possa ocorrer numa infecção urinária baixa, esta progressão é
mais rara, ocorrendo ocasionalmente em idosos frágeis", afirma Thiago.
COMO SE DIAGNOSTICA A CISTITE?Isso
pode ser feito a partir de uma consulta médica, esta que ao registrar a
presença dos sintomas clássicos da doença, diagnostifica a cistite.
Assim, o próximo passo, mesmo sem nenhum exame, é iniciar o tratamento
com antibióticos, podendo ser usado também algum medicamento para
diminuir os sintomas.
"Em caso de dúvidas em relação a descrição
ou ausência de sintomas, o que é mais frequente em idosos, a suspeita da
infecção pode ser diagnosticada por um exame de urina. Se houver, por
exemplo, na análise urinária, a presença de um grande número de
leucócitos (células brancas de defesa) ou de nitritos na urina (produtos
do metabolismo de bactérias, normalmente ausentes em nossa urina),
temos a certeza do problema", afirma Thiago Mônaco, professor da
disciplina de geriatria na Faculdade de Medicina da Universidade de
Santo Amaro.
COMO SE DIAGNOSTICA A PIELONEFRITE?A
história médica do paciente mostrará sinais de uma infecção mais séria.
Mas entre os sintomas estão abatimento, febre, dor lombar lateral e,
frequentemente, os sintomas tradicionais da cistite.
Além disso, o
médico deverá realizar o exame físico conhecido como "Sinal de
Giordano": dá-se uma leve batida nas costas e, se a dor se intensificar,
significa que pode ser infecção urinária, cálculo renal ou infecção dos
rins.
"Os exames necessários aqui são os de urina, que mostrarão a
presença de bactérias, nitrito e/ou glóbulos brancos em grande
quantidade. Poderão, ainda neste caso, serem necessários outros exames
para avaliação do estado geral e da gravidade da doença. A depender do
quadro clínico, além da urina, podem ser realizados análises de imagem
dos rins e do sangue", explica o médico geriatra Thiago Mônaco.
CERCA DE 10% DAS MULHERES, POR ANO, APRESENTAM UM CASO DE CISTITEPessoas
mais frágeis ou que já têm alguma doença do trato urinário apresentam
maior facilidade de infecção. O surgimento ou a repetição das infecções
urinárias pode ser o sinal de uma piora do sistema imunológico que, se
constatada, deve ser investigada.
"As cistites são tão comuns em
mulheres que uma infecção isolada não é de nenhuma maneira um sinal de
alarme ou de doença subjacente. A cada ano, cerca de 10% das mulheres
adultas apresentam um episódio de cistite. No caso dos homens, uma
infecção crônica da próstata pode levar a infecções urinárias de
repetição", ressalta Thiago.
COMO TRATAR AS INFECÇÕES URINÁRIAS?O
tratamento da infecção se dá por meio do uso de antibióticos, sob
prescrição médica, e deve ser feito considerando a gravidade da infecção
urinária e o perfil do paciente.
"Toda infecção urinária alta
pode ser considerada uma infecção "complicada". No entanto, as cistites
que, em tese, são mais simples, quando surgem em pacientes de alto risco
como homens (já que as infecções neles são raras), grávidas, mulheres
diabéticas ou em pacientes imunocomprometidos (portadores de doenças que
afetam o sistema imunológico, como a AIDS), também podem ser
consideradas infecções mais complicadas", reforça Thiago.