Filme piauiense concorre a prêmio no Festival de Cinema dos Sertões
“Qualquer Hora Dessas”, longa metragem filmado e finalizado no Piauí, é
um dos cinco concorrentes ao troféu Cacto de Ouro no Festival Nacional
de Cinema dos Sertões. Em sua 7ª edição, o evento acontece na cidade de
Floriano, sul do Estado, dos dias 7 a 11 de novembro.
Escrito e dirigido por Monteiro Júnior, o filme será exibido ao público
florianense no segundo dia de festival e gera grande expectativa por ser
a única obra piauiense entre os indicados. Ao todo, concorre em dez
categorias, como direção, roteiro, ator (Vítor Sampaio), atriz (Jarleni
Silva), edição (Renée Moura), música (Gabriel Medeiros), entre outras.
“Qualquer Hora Dessas” retrata de maneira honesta e dolorosa a quase
sempre difícil aceitação do fim de algo. Monteiro Junior faz questão de
ressaltar que seu filme não é sobre o término de uma relação. “Eles já
estão separados quando a história começa. O conflito principal é como
cada personagem lida com isso e como sairão do quarto para deixarem suas
vidas fluírem”, explica.
Quase todo o filme, que tem 79 minutos de duração, passa-se num único
ambiente. O que já era um grande desafio narrativo se tornou ainda maior
pelo fato dos atores aparecerem despidos em cena. “Certamente, foi uma
decisão corajosa de toda a nossa pequena equipe, mas foi tudo muito
natural. Eles compreenderam que o filme não tem nenhum apelo vulgar. Os
personagens estão nus dentro de um contexto e precisávamos passar
verdade ao espectador”, justifica o cineasta.
Verdade essa alcançada com imagens e
diálogos fortes, mas também com poesia e sensibilidade. Feito sem
qualquer recurso financeiro, “Qualquer Hora Dessas” ainda propõe uma
reflexão contundente sobre o fazer artístico em nosso Estado, na medida
em que se arrisca à exposição visceral dos sentimentos. “A maioria dos
artistas e realizadores daqui tem medo de correr riscos e se expor.
Gostaria que esse filme desse um tapa na cara dos burocratas que no
fundo não realizam nada de substancial para elevar o nível da cultura do
Piauí”, alfineta Monteiro.
fonte;cidadeverde