Pesquisa da UFPI alerta sobre qualidade imprópria das águas no Piauí
O trabalho foi desenvolvido e atestou a realidade em sete municípios.
O trabalho intitulado "Análise química e microbiológica de águas de sete
municípios do Estado do Piauí" coordenado pelo Prof. Dr. Edmilson
Miranda de Moura, do programa de Pós-Graduação em Química da UFPI, teve
como objetivo principal, avaliar a qualidade das águas subterrâneas e
superficial fornecidas para a população de alguns municípios do Estado
do Piauí e alertar aos órgãos competentes da necessidade de tratamento
adequado das mesmas antes de submeter à população.
O trabalho foi desenvolvido por Vivane Lopes Leal (aluna de mestrado em
Química) e Hélio Moreira Alves (aluno de Iniciação Científica). Para a
realização do estudo, os pesquisadores coletaram amostras de água
fornecida para a população de Teresina, Ipiranga do Piauí, Picos,
Oeiras, Jerumenha, Guadalupe e Rio Grande do Piauí, entre os meses de
outubro de 2010 e dezembro de 2011.
Os pesquisadores fizeram o monitoramento da qualidade das águas
analisadas através de parâmetros físicos (temperatura, turbidez e
sólidos totais dissolvidos), químicos (concentrações de: sódio,
magnésio, cálcio, estrôncio, bário, vanádio, molibdênio, ferro,
alumínio, nitrato, nitrito, amônia, alcalinidade e pH) e microbiológicos
(coliformes totais e Escherichia Coli).
De acordo com a pesquisa, algo em torno de 70% das amostras coletadas no
município de Teresina apresentaram pelo menos um dos parâmetros
analisados fora dos padrões de potabilidade exigido pelas legislações
vigentes. Esse número é mais assustador quando se refere às amostras
coletadas nos outros municípios, pois algo em torno de 85% das amostras
analisadas apresentaram-se inadequadas para o consumo humano.
Só para se ter uma ideia de como está a qualidade das águas analisadas, a
concentração de nitrato (NO3-) esta presente em 25% das amostras
analisadas em concentrações acima e/ou bem próxima daquela estabelecida
pela portaria do Ministério da Saúde (no 2914/11) e Organização Mundial
da Saúde. Além de nitrato, também foram encontrados coliforme total (em
22% das amostras estudadas) e Escherichia Coli (em 27% das amostras
analisadas). Estes resultados evidenciam a existência de contaminação
antrópica, provavelmente provocada pela existência de fossas sépticas
sem vedação, esgotos (que não recebem nenhum tipo de tratamento)
presentes nessas cidades, e ainda pelo tratamento não adequado da água
antes de ser destinadas ao consumo.
Segundo o coordenador da pesquisa, um relatório contendo os principais
resultados da pesquisa será repassado para os presidentes da AGESPISA,
da APPM e da Assembleia Legislativa e também para o secretário das
cidades. Espera-se que essas autoridades tomem providências no sentido
de resolver esses problemas, pois o consumo de águas fora dos padrões de
potabilidade exigidos pela legislação vigente pode causar sérios
problemas para a saúde daqueles que as consumem.
Os pesquisadores alertam que segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS) cerca de 80% das doenças que ocorrem em países em desenvolvimento
são veiculadas pela água contaminada por microrganismos patogênicos.
Isto se deve ao fato de apenas algo em torno 30% da população mundial
ter água tratada e os outros 70% terem poços como fonte de água,
facilitando assim sua contaminação. Vale ressaltar que na grande maioria
dos municípios do Piauí as águas destinadas para a população são
captadas em poços tubulares que segundo o coordenador da pesquisa muitos
destes já mostram sinais de contaminação patogênica. E para piorar
ainda mais a situação os órgãos responsáveis pelo abastecimento de água
para a população não fazem o tratamento adequado, colocando em risco a
saúde dos consumidores.
fonte:cidadeverde